Artigos | Postado no dia: 10 dezembro, 2025

Demissão por justa causa: o passo a passo que sua empresa precisa conhecer!

A demissão por justa causa é uma das medidas mais delicadas dentro da gestão de pessoal.

Envolve a ruptura do contrato de trabalho motivada por uma falta grave cometida pelo empregado, conforme previsto no artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Para o empregador, é necessário entender como fazer demissão por justa causa corretamente, garantindo segurança jurídica e evitando futuras ações trabalhistas.

Este guia mostra como funciona a justa causa, quais cuidados tomar e como aplicar o procedimento passo a passo, de acordo com as práticas jurídicas atualizadas em 2025.

Siga a leitura!

O que é a demissão por justa causa?

A demissão por justa causa ocorre quando o empregado comete uma conduta considerada grave o suficiente para quebrar a confiança e inviabilizar a continuidade do vínculo empregatício.

De acordo com o art. 482 da CLT, exemplos de faltas graves incluem:

  • Ato de improbidade (furto, fraude, falsificação);
  • Insubordinação ou indisciplina;
  • Desídia no desempenho das funções (negligência reiterada);
  • Embriaguez habitual ou em serviço;
  • Violação de segredo da empresa;
  • Abandono de emprego;
  • Condenação criminal do empregado;
  • Ofensas físicas ou morais contra colegas ou superiores.

Entender como funciona a justa causa é essencial para aplicar a punição de forma proporcional, legal e documentada.

Quando a demissão por justa causa é válida?

Nem toda falta justifica demissão por justa causa. A conduta precisa ser grave, atual e devidamente comprovada. A Justiça do Trabalho exige três requisitos fundamentais:

  1. Imediatidade da punição – o empregador deve agir logo após tomar conhecimento da falta.
  2. Proporcionalidade – a penalidade deve ser compatível com a gravidade da conduta.
  3. Prova concreta – é essencial comprovar o ato faltoso por meio de documentos, testemunhas, câmeras ou comunicações internas.

Se o empregador demora a agir ou não apresenta provas, corre o risco de ver a demissão revertida em juízo, com obrigação de pagar todas as verbas rescisórias típicas da dispensa sem justa causa.

Fique atento!

Passo a passo: como fazer demissão por justa causa em 2025

Para que o procedimento seja juridicamente seguro, o RH e o setor jurídico da empresa devem seguir um passo a passo estruturado. Veja como fazer:

1. Apuração dos fatos

O primeiro passo é apurar a veracidade da conduta atribuída ao empregado. Colete provas concretas — e-mails, mensagens, registros de ponto, imagens de câmeras ou depoimentos.

Se necessário, instaure uma sindicância interna para ouvir testemunhas e dar ao trabalhador o direito de se manifestar.

2. Avaliação jurídica

Antes de aplicar a penalidade, o departamento jurídico deve analisar se o caso realmente configura justa causa conforme a CLT. Essa etapa é crucial para evitar enquadramentos equivocados, como confundir atrasos isolados com desídia, por exemplo.

3. Imediatidade da aplicação

Ao confirmar a falta grave, a empresa deve agir rapidamente. A demora pode ser interpretada como perdão tácito.
Assim, o comunicado de demissão por justa causa deve ser emitido logo após a apuração.

4. Comunicação formal ao empregado

A comunicação deve ser escrita, clara e objetiva, indicando o motivo específico da justa causa e o dispositivo legal correspondente.

O empregador deve solicitar a assinatura do trabalhador no termo de rescisão e, se ele se recusar, duas testemunhas podem assinar no lugar.

5. Registro e documentação

Todos os documentos devem ser arquivados: provas, sindicância, termo de rescisão, comunicações internas e eventuais advertências anteriores.

Esse cuidado garante que, se houver questionamento judicial, a empresa terá respaldo para comprovar a legalidade do ato.

6. Cálculo e pagamento das verbas

Na demissão por justa causa, o empregado só tem direito a:

  • saldo de salário dos dias trabalhados;
  • férias vencidas (se houver), com 1/3 constitucional.

Não há aviso prévio, 13º proporcional, multa do FGTS nem saque do fundo. Explicar isso de forma transparente evita conflitos desnecessários.

Exemplos de justa causa no ambiente empresarial

  1. Uso indevido de informações confidenciais: um colaborador divulga segredos comerciais a um concorrente. A empresa pode aplicar justa causa por violação de sigilo profissional.
  2. Falta reiterada sem justificativa: após notificações e advertências, o funcionário continua ausente. O abandono de emprego se configura após 30 dias de ausência injustificada.
  3. Conduta ofensiva no ambiente de trabalho: agressões físicas ou ofensas verbais a superiores podem justificar a rescisão imediata.

Esses exemplos mostram como funciona a justa causa na prática e como a postura preventiva da empresa — com advertências e registros — fortalece a decisão.

Cuidados que você deve ter antes de aplicar a justa causa

Aplicar demissão por justa causa sem base legal sólida pode gerar prejuízos sérios à empresa. Veja alguns cuidados indispensáveis:

  • Documente tudo: quanto mais provas objetivas houver, mais segura será a decisão.
  • Evite julgamentos precipitados: sempre ouça a versão do empregado antes da penalidade.
  • Busque orientação jurídica: um advogado trabalhista empresarial pode avaliar a melhor estratégia, inclusive sugerindo advertências ou suspensões antes da demissão.
  • Mantenha coerência nas punições: empresas que punem casos semelhantes de forma diferente podem ser acusadas de discriminação.

FAQ – Dúvidas sobre demissão por justa causa

  1. O que caracteriza uma falta grave para justa causa?
    Falta grave é qualquer ato que torne impossível a continuidade da relação de trabalho, como fraude, insubordinação ou abandono de emprego.
  2. Posso demitir por justa causa sem advertência prévia?
    Sim, desde que o ato seja suficientemente grave (como furto ou agressão). Em casos menos graves, recomenda-se advertir ou suspender antes da demissão.
  3. O empregado pode recorrer da justa causa?
    Pode. O trabalhador pode ajuizar ação trabalhista pedindo a reversão da justa causa, e a empresa deverá comprovar a falta cometida.
  4. A empresa precisa pagar verbas rescisórias na justa causa?
    Sim, mas apenas o saldo de salário e férias vencidas, se houver. O empregado perde o direito ao FGTS, 13º proporcional e aviso prévio.
  5. Quanto tempo a empresa tem para aplicar a justa causa?
    Deve ser imediata, assim que confirmada a falta grave. A demora pode ser interpretada como perdão tácito e invalidar a demissão.

Conclusão

Saber como fazer demissão por justa causa corretamente é essencial para preservar a integridade da empresa e evitar passivos trabalhistas.

O procedimento exige prova, imediatidade e clareza jurídica.

Com o apoio de um advogado trabalhista empresarial, o empregador pode agir com segurança, assegurando que a demissão por justa causa seja aplicada de forma legítima e eficaz, conforme a legislação vigente em 2025.

Lembre-se sempre: registrar cada decisão é a melhor forma de demonstrar boa-fé e profissionalismo na gestão de pessoas.

Caso tenha alguma dúvida, entre em contato conosco. Estamos disponíveis para fornecer assistência e auxiliá-lo no que for preciso.